Traço-me limites, muros, cercas
Portas e porteiras que ultrapasso.
E incerto de cada passo que teimam
Pisar meus pés, e seguir, sofro.
E louco por não saber o que fazer,
Numa das poucas vezes que isso me acontece.
Nunca existiram dúvidas no extremismo do meu ser.
Mas agora há.
Não sei lidar com isso.
O meu extremismo compreende o amar e o deixar,
Compreende o persistir e o abandonar,
Meu extremismo desconhece o duvidar.
E há, se há, um descontrole motor,
No meu coração-motor, inventor de amor,
Teimo dizer não, mas a boca teima em não falar.
E teimo em pensar são, mas insano, ouço: “vá...”.
Na discussão em que me encontro
Nem silêncio, nem canção...
Nem certeza, pra não duvidar.
Meu coração-motor, insano, sonâmbulo acordado tende
A me levar aonde passos se cansariam de tanto andar.
Na pouca frieza emocional que me resta, eu finjo acreditar
Que estou no controle, mas acho que no fim, tão só, não dá.