sábado, 28 de julho de 2012

Plantando história - Allyson Alves.


Aqui tem um vale que vale ver.
Vale vir e sentir,
Vale vir e viver.

E vale verde
Perto dos outros,
Longe do cinza que não é desses.

Aqui tem um vale vivo:
Autêntico, valioso e antigo.
Tranqüilo, simples e bonito.

Aqui, escreveria um livro
No meio dos lagartos
E dos clássicos e eruditos.

Teria palavras de sol e frio,
Palavras de caldos e sorrisos,
De céu azul, de vinho tinto.

Aqui tem um vale um pouco menino.
Já, velho de idade
E novo, pros desconhecidos.

Me lembra as Gerais.
Tem seus telhados e trilhos,
Estação, praça e casarões antigos.

Aqui tem um vale, que vale voar
Pisando nas pedras, descendo, subindo,
Plantando história, colhendo amigos.

O que vale - Allyson Alves.


Era uma casa
Muito grande e muito contente
Cheia de música,
Cheia de gente.
Cheia de tipos
E cheia de modas.

Era uma casa
Bem diferente.
Que durava pouco.
Um pouco suficiente.
E tinha sorrisos
E tinha memórias
E contava, e rendia histórias.

Era uma casa
Para tranqüilos e impacientes.
Tinha valor
Ouro de ouvir
E uma vista de antigamente
Foi pouco a casa de todos
Foi muito a casa da gente.

sábado, 21 de julho de 2012

Olhando pra mim - Allyson Alves.


Gostei de vê-la.
Depois de tanto tempo que não o fazia.
Na verdade, olhei muitas vezes, mas não a vi.
E gostei de vê-la.
Sem motivo aparente, sem nada demais, nada de menos.
Só gostei de olhar pra ela.
E não tinha palavras e nem assunto.
E não tinha coragem de cruzar o olhar.
Mas fiz sem querer, ou querendo.
Acho que nada mudou.
Continuamos assim, desde quase sempre.
E que assim seja, e dure quanto tenha que durar.
Ela do jeito dela, do lado dela, com a vida dela.
Eu com esse jeito meu, desse lado, nessa vida.
Achei que fosse diferente.
Mas gostei de vê-la.
E vê-la, sem razão, olhando pra mim.

Esguio - Allyson Alves.


Por que ser um ser
De olhar esguio?
Que te esconde sem medo
Um frio vazio
Um corpo franzino
Um pouco sozinho

Por que ter um “T”
De tédio, à toa?
Se o “T” de tesão
Me alegra a pessoa
Te muda a rotina
Te ajuda na escolha

Por que ser um “T”
Tão franzino, à toa?
Que te esconde a rotina
E te escolhe esguio
Um sozinho vazio,
Um tesão de pessoa.

Um pé de vento - Allyson Alves.


Vou plantar um pé de vento
Bem aqui no meu quintal
Dizem que brota uma brisa
Cresce, e vira vendaval

Sopra às vezes, de mansinho
Abana forte no calor
Faz girar redemoinhos
Faz sorrir mesmo sem cor

Decola as pipas dos meninos
Bagunça as mechas das meninas
Esse pé que eu cultivo
Acho que me refrescou

E o quintal de ventania
Cada vez mais me cativa
Esse pé que eu cultivo
Acho que já lhe ventou