quinta-feira, 31 de maio de 2012

Floresta dos Leões - Allyson Alves.




Senhor, sei que não devo chorar
Mas por esse meu povo, alguém mais deve olhar?
Não é a paz do conforto,
Mas a da fome matar.
Não é a beleza do corpo
Que a seca vem judiar.

Senhor, sei que não devo implorar
Mas pra que mais serve o povo que morre de trabalhar?
Não é riqueza no bolso
Mais vale um pão no jantar.
Não é esmola, seu moço
Só o feijão pra ajudar.

Senhor, sei que não devo desistir
Mas vou morrendo aos poucos, sem ver meu povo sorrir.
Não é a seca, o dolo...
Mas quem me assiste, agir.
Não é fingir que não há morte
Chegando antes, pro fim.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Ponto. - Allyson Alves.



Um ponto.
Pode ser de partida.
Mas partida começo
Ou partida de ir embora?
Partindo do ponto em questão
Sejamos pontuais até o ponto final.
Pontuo aqui essa dúvida.
Anormal, a ponto de partir-se em mil.
Posso chegar a um ponto.
Posso partir de um ponto.
Posso partir um ponto?
Ponto-e-vírgula,  ponto de cruz,
Ponto de ônibus...
Ponto a ponto, pontilhado,
Ponteiro...
Ponteio.

Estranho não estar na Estrada Real - Allyson Alves.



Aquela estrada me deixa sempre ligado.
Cheia de curvas e verde dos lados.
Cheia de bichos, cheia de “causos”.
Cheia de si, cheia de nós.

Aquela estrada sobe um bocado.
Pra fazer descer lá do outro lado.
Tem neblina, tem geada...
E pro frio tem abraços.

Aquela estrada é minha desde sempre.
É caminho de ida, trilha de vinda.
É por onde eu me perco...
É por onde me acho...

Aquela estrada é estreita.
É estrada ligeira...
Estrada de histórias...
Estrada Mantiqueira...

terça-feira, 29 de maio de 2012

O Olho que Encontra a Razão - Allyson Alves.




Disse uma vez que era como um navio
Sem âncora e sem porto.
Eu queria fugir...
Mas só sabia escapar na poesia.
Disse também que era um lobo mau.
Mas perigo, só ofereci a mim mesmo...
Disse que o palco era minha vida,
Mas acho mesmo que seja o contrário...
Disse que não me olhariam mais de cima
E nem seria pisado,
Mas não me importo mais com as ilusões alheias...
Disse que seria rico quando crescesse,
Hoje eu tenho bons amigos...
Disse que queria viver pra sempre,
Um dia, de mim, ficarão palavras e canções...
Disse que não tinha razão sobre todas as coisas,
Porque nem todas as coisas precisam ter razão...

Ela Ficou Louca! - Allyson Alves.

Ela ficou louca.
Eu não entendo, mas ficou.
Gosto de vê-la, assim, louca!
Não economiza sorrisos,
Não economiza alegria.
Que coisa louca!
Ela já era louca ou ficou louca?
Não tenho nada a ver com isso.
Acho que não...
Sou louco de apelido. E só.
Mas tem tanta beleza nessa loucura!
Uma beleza tão alegre, colorida,
Diferente, feminina, e louca!
Ela ficou louca.
Não tenho nada a ver com isso.

Pouca parte de mim (de propósito!) - Allyson Alves.



Minha melancolia é relativa.
Não era bem assim que eu queria.
Assim que ficou, não sei se fiquei.
A vida é um grande show...
Às vezes sem palco, às vezes sem som,
Às vezes sem banda, às vezes sem luz...
Um show solo de cada um
Que faz do corpo o palco,
E tem em si a energia de uma banda,
O poder da voz, e a própria luz!
O corpo é a parte ruim, a parte humana,
Que limita, adoece... Padece...
A alma é a parte divina do homem,
É o berro, o solo da guitarra!
A alma é tudo que tens antes da vida.
E só o que resta depois de tudo.
Acho essa melancolia relativa,
Só dessa vez eu queria...
Não é assim que se brinca ou se vive.
Prefiro não ser, do que deixar de fazer o show!

Segredo ou Prudência? - Allyson Alves.



Não é segredo o que eu não conto.
É só um jeito, com medo, de deixar
Permanecer como é.
Pra não estragar a vista,
E nem desacompanhar 
Essa conversa atípica.
Nem sei se é segredo ou prudência.
É um querer sem sentido
E um poder perigoso.
Não é segredo o que eu não conto.
Eu canto, mas não conto.
Se eu canto não é segredo,
E como nunca se percebe assim,
Fico melhor, com pouco medo.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O depois do depois. - Allyson Alves.


Nesta noite
Faltam palavras, faltam risadas,
Faltam toadas.
Faltam todas.
E falta uma.
Falta brilho nos olhos,
E cor de sorriso.
Falta o desafio, a culpa,
A dúvida e a dor.

Nesta noite
Falta frio.
Falta o corpo em seu tipo.
E falta sono, e falta o “como?”
Falta sim, falta não,
Falta companhia, falta solidão.
Falta falar, falta silêncio.
Falta pensar, falta querer,
E falta calafrio.

Nesta noite
Falta tanto,
Que me falta até dar tchau.