Eu tenho uma viola caipira.
E ela sozinha se basta.
E me basta.
E basta ouvir o som da viola
Pra que o corpo e a alma se tornem
Braço e mão do som que ela emite.
Braço e mão que as tocam.
Hoje, longe dos amplificadores valvulados,
Das pedaleiras poderosas e distorções
Calibradas para o virtuosismo da guitarra,
A viola caipira me basta.
E somos, assim, felizes.
Foi preciso viver o mundo da complexidade,
Conhecer os materiais, a tecnologia,
As tendências e influências internacionais,
Pra perceber que estava na contramão:
O meu caminho aponta pro interior.
E na sonoridade do interior,
Que conheço desde criança, me encontrei.
E a encontrei.
Com dez cordas.
Tão simples quanto a vida do interior.
Vida simples, instrumento simples,
E de complexa compreensão.
Curiosamente foi no interior que nos conhecemos.
E nessa trilha mineira de estradas de terra
E vida simples, que nós nos apaixonamos.