segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O atalho dos que não sabem onde querem chegar - Allyson Alves.






Tem gente que devia ficar.
Tem gente que não.
Tem gente que não quer se chegar.
Outras, pegam um atalho pelo nosso coração.
Descansam, e se vão.
Tem gente que parece gostar.
Tem gente que deixa claro a opção.
Tem gente que é boa de estar.
Tem gente que levamos junto um tempão.
Tem gente, dessas de bar, que vira amizade.
Tem gente que era pra ser, mas fica só na vontade.
Tem gente legal que nem parece de verdade.
Tem gente que não sabe das próprias maldades.
Tem gente querendo, gente largando.
Tem gente sofrendo, gente sonhando.
Tem gente partindo e gente chegando.
Tem gente que é, outras, vão enganando.
Tem gente que devia se chegar.
Pra não dar espaço pra outras.
Que só pegam um atalho pelo nosso coração.
Descansam o que precisam, e se vão.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O que fica - Allyson Alves.


O importante da vida talvez nem seja ela.
Talvez seja a obra.
Aquilo que se deixa de concreto, além das lembranças.
Estas, eu creio, que também levamos, e,
Talvez, seja a única coisa que levamos.
Vivo, também,para a minha arte,
Que é uma grande parte de mim.
É o que, de mim, vai ficar quando partir.
Não é que eu não ligue pra vida, eu ligo,
Mas acho que mais importante do que ela,
É o que se faz nela, o que se faz com ela.
É toda a diferença positiva,
Que a nossa vida possa fazer na vida do outro.
Daquilo que se deixa de bom,
Acaba ficando um pouco no outro.
E viveremos nele, mais um pouco.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Por que Poesia? - Allyson Alves.




Tem sempre que se ter poesia...
Perceber a poesia
Ver, ouvir, sentir, ler...
Tocar com poesia.
Cheirar a poesia.
A poesia sempre tem dor e amor.
Sempre tem cor e sabor.
Temos que ensinar a poesia
Para viver com mais poesia.
Ter amizades poetizadas
Pra desfiar uma prosa demorada.
Tem que se andar com poesia.
E não perde-la de vista
Para o acaso de se perder
Tê-la junto, como guia.
A poesia é livre como um passo à toa
Num dia de folga que se vive.
Não tem direção, nem caminho,
Nem roupa, nem partido.
Talvez um coração partido.
Talvez uma breve partida.
Pra viajar na poesia
Vivendo em versos
Versando em vida.

Abusada - Allyson Alves.


Parado aqui na minha janela
Pensei nela, de madrugada.
Era bela, pele clara
E com uma cara de abusada.
Ela, de mim, não tinha nada,
E eu só a tinha nas palavras.

sábado, 18 de agosto de 2012

Desame - Allyson Alves.




Desame, quando lhe trouxer angústia.
Desamarre o laço que une um coração ao outro.
Desligue-o de ti.
Descubra-se de novo.
Deserte-se para refletir.
Desminta o que não funciona mais.
Descole os pés do chão.
Decore uma boa canção.
Derrube todas as lágrimas de uma vez.
Demonstre teu outro lado.
Demore mais observando.
Deguste mais todos os momentos.
Delire quando lhe for bom.
Desapaixone um pouco.
Descontrole-se um muito.
Derrote o que lhe fizer mal.
Desenvolva-se a partir deste.
Decole para novos horizontes.
Detenha quando quiser pra si.
Desame, quando lhe trouxer angústia.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Porta-retrato - Allyson Alves.


Virei um cara abobado.
Até um pouco afobado.
Vivo mandando recado
Pra quem não me quer mais do lado.

Virei um porta-retrato.
Só um momento, fato, passado.
Vivo guardando a lembrança
De um tempo que ficou parado.

Virei um relógio atrasado.
Marcando, girando...
Vivo parado no tempo
Que corre nos ponteiros rodados.

Virei um palco.
Que anda muito apagado.
Vivo esperando a estrela
Pra fazer o seu espetáculo.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Historinha pra você dormir - Allyson Alves.


Era uma vez uma Estrelinha
Pra quem eu fiz essa história:


Brilha lá no céu uma Estrelinha
Muito pequenininha.
Mas brilha tanto como o sol.
E brilhará sobre nós todos os dias
Todas as noites, depois do sol.
E não queria que ela fosse estrelinha,
Mas papai do céu quis acender mais uma luz.
Clareia os nossos caminhos,
Vigia daí o coração que ficou sozinho.
Tanta graça no sorriso
Que brilhou antes da hora.
Nasceu para ser estrela
E viveu pra ter essa história.
Papai do céu, cuida de nós,
E da Estrelinha que está no céu agora.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Nos Damascos da Ceia de Natal - Allyson Alves.


Cada um tem seu tempo.
Dura um tempo;
Aprende um tempo,
Pratica um tempo,
Ensina um tempo,
E observa um tempo.
Cada um com seu tempo
Me fazendo entender como lidar com o meu.
Eu ainda quero durar, um bom tempo.
Pra ver no que dá, daqui a um tempo.
E se eu viver o mesmo tempo que viveu
Quero saber como é viver pra durar.
Quero durar pra ver com o seu olhar
Tudo aquilo que viveu e que o próximo viverá!
Quero sentir o cheiro de muitos tempos,
De muitas roupas, de muita gente,
De muitos ciclos, de muitos climas.
Compreender a cor de muitas modas
De muitos lugares, de muita gente.
Ouvir o som de muitas músicas,
De muitas épocas, de muitas crias.
E ouvir o som da minha voz envelhecida.
Não quero ter o seu tempo
Mas, se tiver, que seja meu
Todo esse tempo que Deus me deu.
No seu tempo, o meu pouco viveu,
Mas nesse pouco aprendi
Que o tempo não deixa fugir.
Se formos bons com ele
Ele nos dura mais.
De repente é isso.
Quero ser avô, tio, tio-avô,
Pai, padrinho, irmão...
Um moço, um homem,
Ou um velho senhor
Que dure uns tantos anos
Que ensine uns tantos jovens
Um tanto quanto me ensinou.
Quero lembrar um tanto de ti que ficou
E usar em um tanto de mim, como foi.
Um dia poder conhecer o sabor de algo novo
Depois de tudo que já provei.
E tentar lembrar de como era na última vez.
Não sei como ou quanto será meu tempo.
Vou durar o que tenho pra durar,
E qualquer dia te encontro
Pra ganhar aquele abraço
Nem um pouco delicado
Que eu gostava de ganhar.
Se for em tempo de festa
Eu levo os Damascos...
Mas até lá, terei tempo pra lembrar!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Vazio - Allyson Alves.





Aqui com os braços desocupados
E as pernas sem andar, e sem rumo.
Eu aqui...
Com os olhos desocupados
Sem ter porque desviar por vergonha.
Tem uma caneca de café-com-leite vazia.
Uma viola com cordas já velhas,
Uma cama que dorme sozinha
E uma janela que não me convida.
Aqui...
Tem um nó que me salva do ato
De dizer o que guardo, e de fato,
Melhor que não saia de mim, por bem,
Algo que mais trará o mal.
Só aqui...
Está seguro, viver.
Sem ver, tocar, sentir, ouvir.
Sem ter porque andar, ir e vir.
Sem ter com que se ocupar.
Se o que tem em volta, só,
Não o faz feliz.

Nem tem céu - Allyson Alves.



Ela nem pensa em trair.
Pensa em dar uma volta, apenas, pela rua.
E nem pensa em outro,
Pensa nas cores do céu e no que fazer.
Ela não pensa nela
Ela só pensa nas plantas, nos bichos e coisas.
E não pensa em mim.
Pensa em tudo que não tenha eu.
Ela nem lembra.
Sobraram apenas lapsos de memória.
Ela nem quer fugir.
Só não tem vontade de voltar.
Ela não tem chão.
E nem lhe doem os pés.
Ela nem tem céu.
Pra pendurar as estrelas.
Ela é toda coisa que eu penso.
Se eu não pensar em nada.
Ela vai sumindo.
Mesmo que eu não queira.