A cada dia reconheço
Que careço, padeço e anoiteço.
Impressiona-me quase não haver medo
Além do medo por não temer o que vejo.
E vejo um homem sem medo do futuro,
E de futuro nebuloso, talvez inseguro,
Talvez seja bom não saber do futuro
Mal sei deste homem que sou: nebuloso, inseguro.
Estranho não ter insônia.
Estranho meu bom humor.
Estranho os cabelos compridos, o olhar caído
E na boca nenhum sabor.
Reconheço que careço, padeço e anoiteço.
No raiar do meu dia, sob o sol, nada vejo.
Na escuridão da minha vida me aconchego,
E apareço na janela para um novo recomeço.
E recomeço hoje. E amanhã repito o mesmo.
Aos poucos vou perdendo o medo de quando careço
Até já não carecer ter medo ou futuro,
Se mesmo com o sol eu anoiteço.
Estranho não ter insônia...
E acordar sempre de bom-humor.
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