segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ando meio nublado - Allyson Alves

O que temer?
Talvez o problema seja o medo.
Talvez esteja o medo funcionando em mim
Como bom senso, me segurando,
Me impedindo de fazer besteira...
Será que é besteira?
Uma incrível e boa besteira...
Vai ver eu tenho medo.
Tenho medo dessa nuvem carregada.
Aonde eu vou ela vai, onde eu estou ela está.
Às vezes ela chove.
Às vezes deixa escapar luz. Um sorriso.
O que seria de um homem sem medo?
Perderia a razão?
Mas a razão também se perde, mesmo quando tememos.
E o que temer?
Temer o homem? Temer a escolha?
Temer o assombro de pensar em não temer.
E como seria sem medo?
Sem a força invisível me amarrando o corpo e a boca
Enquanto a mente viaja solta, e distraída deixa
Escapolir algumas palavras?
Vai ver o medo é só da nuvem, negra e carregada.
Que quando chove, eu finjo que não molha.
E o medo que dá, se ela descobrir e resolver virar temporal...
Do jeito que está às vezes me inunda.
Eu finjo que bóio, mas a mente mergulha.
E o que temer? A chuva? O temporal?
Ou o tempo passar e o sol voltar a brilhar?
Eu durmo sem saber se amanhã vai chover.
Será que vai? Vai chover em mim?
E o que temer? Eu sou livre! Eu sou.
Livre pra andar na chuva,
Encarando a nuvem negra cara a cara, carregada, irritada,
E desejando chover, desejando me molhar.
Uma hora o sol voltará a brilhar.
Esse tempo nublado nunca dura pra sempre.
Tenho até medo dessa confusão,
Já não sei ao certo qual é a real estação.
Por bem ou por mal, espero sem medo o amanhã chegar.
Mas só de pensar no clima, olha o medo que dá!
Eu penso bastante nesse clima... O tempo anda meio incerto.
E o medo não é bem de nublar.
Amanhã vai nublar... talvez chova... será?

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