sábado, 17 de abril de 2010

Lamento (ainda que suspeito) - Allyson Alves

Não dá pra ser bom em todo momento,
Nem confortar todo sentimento,
Nem demonstrar tudo que se é por dentro.

Lamento, mas seria um grande veneno
Fingir desconhecer o mandamento
E plantar desgraça e sofrimento.

Sei o que se passa, e nunca escondemos!
Que se disfarça na graça, entre os desatentos
Que não vêem o que há. E assim torcemos.

Não dá pra fingir, e às vezes esquecemos.
Que ninguém saiba. O perigo que não vemos.
Que se entranha a cada palavra, no silencio do que lemos.

Lamento. Pra ti, é tudo que tenho.
Longe da vontade do que sozinho desenho,
Na cumplicidade escondida do meu pensamento.

No oceano salgado que me inundou o peito
Tento afogar o que há. Pra salvar o que respeito.
E deixar que sucumba, suavemente, num espaço estreito.

Desculpe a minha falta de jeito
De falar e escrever nesse entremeio.
Sei de tudo que existe e talvez não deva ser feito.

Lamento. Por eu ser esse sujeito.
Que isso te fez. Se fará mais, já não creio,
Além de versos controversos e olhares cínicos, suspeitos.

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