Ah... cansei...
Vocês me desculpem, mas eu cansei.
Eu me vejo em todo lugar fazendo inúmeras coisas.
E às vezes nada faço por mim,
E nem pelos que por mim fazem muito.
Eu escolhi o caminho das pedras.
Não sei se pago por isso,
Ou se com isso estou aprendendo...
Talvez os dois.
Mas se tudo tem seu tempo, esse é o meu.
E o descanso não faltou nem a Deus.
Eu cansei.
Preciso de ares, de verdes e de sotaques.
Preciso de paz, pra mente e corpo.
Não preciso de nada mais, só paz.
Vocês me desculpem não ser um texto bom.
Mas na falta de um ouvido amigo,
Falo aos olhos de vocês.
Por aqui eu paro.
Porque até pra mim, cansei.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Carolina - Allyson Alves
É a segunda que me aparece.
Recentemente...
Pra me assombrar?
Pra parecer mera coincidência?
É a terceira da história.
Não... É a quarta.
A primeira virou música.
Olhos verdes...
Ainda não sei por que me fascinam tanto,
Porque tanto me prendem, me iludem,
E me atraem.
E depois disso, sempre desaparecem.
Cabelos de fios dourados.
Todas têm, algumas mais, outras menos.
Algumas mais escuro, outras mais claro...
Como a última.
Ah... A última...
Contrariou a lei de Murphy,
Superou a minha timidez, duas vezes:
Me fazendo falar, e sendo mais tímida que eu.
A moça surgiu.
Numa hora improvável, num lugar improvável,
Num dia improvável e incomum,
Por uma situação improvável e incomum.
Sentou-se num lugar improvável, e não saltou do ônibus
Onde eu suspeitei que provavelmente saltasse.
E tudo isso foi extremamente incomum!
Suspeitando (e tendo quase certeza) de que
Não iria me perdoar se a deixasse ir assim,
Da mesma forma que veio, de repente,
Passei por cima da vergonha (mas não rapidamente)
E perguntei (me consumindo de vergonha):
- Você gosta de música?
E veio a resposta (tão envergonhada quanto):
- Sim, eu gosto.
Aí eu a convidei... Mas não sei se ela vai.
Queria que fosse, seria legal.
E seria incomum.
Mas é bem improvável que ela vá.
Sei mesmo é que conversamos um pouco.
Até rimos um pouco.
Duas pessoas envergonhadas conversando
Já é engraçado;
Duas pessoas envergonhadas e desconhecidas
Conversando num ônibus, de madrugada,
É muito mais engraçado.
Eram quase duas horas,
E ela saltou num ponto bem incomum
Praquele horário, praquela moça.
Ela anunciou e desceu. Os olhos dela ficaram...
Pra me assombrar talvez.
Os meus olhos a seguiram, queriam ir junto.
Ela se foi, deixou só o nome.
Que pode ser falso.
Mas não importa...
Naquela noite
Eu conheci a Carolina.
Recentemente...
Pra me assombrar?
Pra parecer mera coincidência?
É a terceira da história.
Não... É a quarta.
A primeira virou música.
Olhos verdes...
Ainda não sei por que me fascinam tanto,
Porque tanto me prendem, me iludem,
E me atraem.
E depois disso, sempre desaparecem.
Cabelos de fios dourados.
Todas têm, algumas mais, outras menos.
Algumas mais escuro, outras mais claro...
Como a última.
Ah... A última...
Contrariou a lei de Murphy,
Superou a minha timidez, duas vezes:
Me fazendo falar, e sendo mais tímida que eu.
A moça surgiu.
Numa hora improvável, num lugar improvável,
Num dia improvável e incomum,
Por uma situação improvável e incomum.
Sentou-se num lugar improvável, e não saltou do ônibus
Onde eu suspeitei que provavelmente saltasse.
E tudo isso foi extremamente incomum!
Suspeitando (e tendo quase certeza) de que
Não iria me perdoar se a deixasse ir assim,
Da mesma forma que veio, de repente,
Passei por cima da vergonha (mas não rapidamente)
E perguntei (me consumindo de vergonha):
- Você gosta de música?
E veio a resposta (tão envergonhada quanto):
- Sim, eu gosto.
Aí eu a convidei... Mas não sei se ela vai.
Queria que fosse, seria legal.
E seria incomum.
Mas é bem improvável que ela vá.
Sei mesmo é que conversamos um pouco.
Até rimos um pouco.
Duas pessoas envergonhadas conversando
Já é engraçado;
Duas pessoas envergonhadas e desconhecidas
Conversando num ônibus, de madrugada,
É muito mais engraçado.
Eram quase duas horas,
E ela saltou num ponto bem incomum
Praquele horário, praquela moça.
Ela anunciou e desceu. Os olhos dela ficaram...
Pra me assombrar talvez.
Os meus olhos a seguiram, queriam ir junto.
Ela se foi, deixou só o nome.
Que pode ser falso.
Mas não importa...
Naquela noite
Eu conheci a Carolina.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Penhascos (o homem e a fé) - Allyson Alves
As pontes nem sempre vão existir.
Às vezes é preciso descer até o fundo do penhasco e escalar a margem do outro lado pra chegar ao topo.
Isso pode ser chamado de várias formas: vencer, resistir, perseverar... Eu chamo de viver.
Escolhas existem.
Ficar do lado de cá e passar a vida imaginando como seria se tivesse ido.
Ou chegar do outro lado e pensar como seria tola a decisão de não tentar.
O homem cria seu próprio valor.
O homem é grande, se sua fé for maior que ele.
Um homem sem fé, não é nada.
A fé é a mão que ampara o homem quando ele tomba e cai ao chão.
E o homem será grande, ainda que leve incontáveis tombos... E ainda que não alcance, e pela última vez, tombe pela morte.
Ainda assim, esse homem será maior do que aquele que preferiu não continuar.
Eu chamo de fé. Alguns, de teimosia.
Talvez a teimosia em persistir e continuar, seja uma forma de fé.
E a fé faz o homem acreditar nele mesmo.
Um homem sem fé, é um homem desacreditado por si próprio.
Não é homem, não é nada.
Escolhas existem.
Um homem é grande, quando sua fé é maior que ele.
Quando não existem pontes pontas, há quem muda seu rumo e segue outro caminho.
Aquele que tem fé, e confia em si, segue em frente, e vence o penhasco.
Um homem sem fé, se desvia, passa pela vida, conhece uma das margens.
Um homem com fé traça seu caminho, conhece as duas margens. Vive.
O homem cria seu próprio valor.
Cria seu próprio caminho.
Cria seu nome e até mesmo sua fé.
Mas de que vale a fé de um homem se for desacreditada?
Não serve, não é fé verdadeira. Não existe fé, não existe homem.
Se existe fé, existe objetivo. E este será alcançado.
Um homem sem fé, segue por trilhas.
Um homem com fé constrói estradas.
Ele cria seu próprio valor.
As escolhas existem.
Mas um homem só é grande, quando sua fé é maior do que ele.
Às vezes é preciso descer até o fundo do penhasco e escalar a margem do outro lado pra chegar ao topo.
Isso pode ser chamado de várias formas: vencer, resistir, perseverar... Eu chamo de viver.
Escolhas existem.
Ficar do lado de cá e passar a vida imaginando como seria se tivesse ido.
Ou chegar do outro lado e pensar como seria tola a decisão de não tentar.
O homem cria seu próprio valor.
O homem é grande, se sua fé for maior que ele.
Um homem sem fé, não é nada.
A fé é a mão que ampara o homem quando ele tomba e cai ao chão.
E o homem será grande, ainda que leve incontáveis tombos... E ainda que não alcance, e pela última vez, tombe pela morte.
Ainda assim, esse homem será maior do que aquele que preferiu não continuar.
Eu chamo de fé. Alguns, de teimosia.
Talvez a teimosia em persistir e continuar, seja uma forma de fé.
E a fé faz o homem acreditar nele mesmo.
Um homem sem fé, é um homem desacreditado por si próprio.
Não é homem, não é nada.
Escolhas existem.
Um homem é grande, quando sua fé é maior que ele.
Quando não existem pontes pontas, há quem muda seu rumo e segue outro caminho.
Aquele que tem fé, e confia em si, segue em frente, e vence o penhasco.
Um homem sem fé, se desvia, passa pela vida, conhece uma das margens.
Um homem com fé traça seu caminho, conhece as duas margens. Vive.
O homem cria seu próprio valor.
Cria seu próprio caminho.
Cria seu nome e até mesmo sua fé.
Mas de que vale a fé de um homem se for desacreditada?
Não serve, não é fé verdadeira. Não existe fé, não existe homem.
Se existe fé, existe objetivo. E este será alcançado.
Um homem sem fé, segue por trilhas.
Um homem com fé constrói estradas.
Ele cria seu próprio valor.
As escolhas existem.
Mas um homem só é grande, quando sua fé é maior do que ele.
Bicho (no mato) - Allyson Alves
Bicho, no mato.
Cercado apenas por espaço.
Livre bicho, bicho solto,
Bicho do mato, bicho-grilo.
Bicho de jeito arisco.
Bicho de gíria “bicho”.
Bicho gente, bicho de pé,
Sem talento pra bicho.
Bicho de teimoso, de instinto,
De querer a intelectualidade dos bichos.
De saber sobre a vida, e vida de bicho.
No mato, longe dos “pobres de bicho”.
Bicho acanhado, me entendo com os bichos.
Me sinto avoado, que nem vôo de bicho.
Me sinto mudado, que nem muda de pêlo.
Me sinto acuado pelos “pobres de bicho”.
No mato, me sinto, me vejo, me vivo.
Me ouço, me faço o próprio bicho.
Delimito meu espaço até no grito.
Vivo do faro, da fome e do cio.
Cercado apenas por espaço.
Livre bicho, bicho solto,
Bicho do mato, bicho-grilo.
Bicho de jeito arisco.
Bicho de gíria “bicho”.
Bicho gente, bicho de pé,
Sem talento pra bicho.
Bicho de teimoso, de instinto,
De querer a intelectualidade dos bichos.
De saber sobre a vida, e vida de bicho.
No mato, longe dos “pobres de bicho”.
Bicho acanhado, me entendo com os bichos.
Me sinto avoado, que nem vôo de bicho.
Me sinto mudado, que nem muda de pêlo.
Me sinto acuado pelos “pobres de bicho”.
No mato, me sinto, me vejo, me vivo.
Me ouço, me faço o próprio bicho.
Delimito meu espaço até no grito.
Vivo do faro, da fome e do cio.
Bicho (na cidade) - Allyson Alves
Eu ando me sentindo um bicho
Dentro desse viveiro.
E nem sei por que se chama viveiro
Se não é um bom lugar pra se viver.
E meu viveiro se chama Rio.
E sendo bicho, se fosse peixe ia gostar de rio.
E mesmo que fortes fossem as correntezas,
Tudo pra mim seria tranqüilo.
O meu rio é de janeiro.
Época de verão, e de cheia.
Se fosse sapo, coacharia, chamando chuva,
Todo fim de tarde de todos os dias.
Se eu fosse sapo, seria frio,
Na água fria, de sangue frio.
Seria feio, e mal falado.
Vivendo na ironia: engolindo sapos.
E por tantos sapos mal digeridos
Eu ando assim, me sentido um bicho.
Acuado, silvestre, selvagem, arisco.
Caçado, capturado, engaiolado, no Rio.
Dentro desse viveiro.
E nem sei por que se chama viveiro
Se não é um bom lugar pra se viver.
E meu viveiro se chama Rio.
E sendo bicho, se fosse peixe ia gostar de rio.
E mesmo que fortes fossem as correntezas,
Tudo pra mim seria tranqüilo.
O meu rio é de janeiro.
Época de verão, e de cheia.
Se fosse sapo, coacharia, chamando chuva,
Todo fim de tarde de todos os dias.
Se eu fosse sapo, seria frio,
Na água fria, de sangue frio.
Seria feio, e mal falado.
Vivendo na ironia: engolindo sapos.
E por tantos sapos mal digeridos
Eu ando assim, me sentido um bicho.
Acuado, silvestre, selvagem, arisco.
Caçado, capturado, engaiolado, no Rio.
domingo, 16 de maio de 2010
À Rosa - Allyson Alves
O meu mundo ficou rosa.
E se Rosa soubesse como meu mundo ficou...
Deixei pra trás, da roseira, os espinhos.
Vivo daqui pra frente: cor de Rosa, da cor da rosa-flor.
Rosado sorriso corado de Rosa,
Sorriso de Rosa, risado cor-de-rosa.
E se Rosa soubesse que meu mundo parou
No riscado de sua rosa, no rosado de tua flor.
Rezo à Nossa Senhora da Mística Rosa
Que proteja, a Rosa, dos espinhos da flor.
Rosa-dos-ventos me leve à Rosa
De risado riscado, de rosada cor.
E se Rosa soubesse como meu mundo ficou...
Deixei pra trás, da roseira, os espinhos.
Vivo daqui pra frente: cor de Rosa, da cor da rosa-flor.
Rosado sorriso corado de Rosa,
Sorriso de Rosa, risado cor-de-rosa.
E se Rosa soubesse que meu mundo parou
No riscado de sua rosa, no rosado de tua flor.
Rezo à Nossa Senhora da Mística Rosa
Que proteja, a Rosa, dos espinhos da flor.
Rosa-dos-ventos me leve à Rosa
De risado riscado, de rosada cor.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Lados - Allyson Alves
Me deixa de lado
Mas aí, do seu lado.
Qualquer um,
Tanto faz o lado.
Desde que seja seu.
Lado A ou lado B.
Lá da frente.
Lado a lado.
Com seu lado.
Ou do outro lado.
Mas do lado que estiver.
Ladino ladro
Pro lado de cá.
E alado chego
No seu lado de lá.
Lá do lado do seu lado
Agora tem meu lado
Alado, ladino,
Ladrando ladainhas
Pra do seu lado ficar.
Mas aí, do seu lado.
Qualquer um,
Tanto faz o lado.
Desde que seja seu.
Lado A ou lado B.
Lá da frente.
Lado a lado.
Com seu lado.
Ou do outro lado.
Mas do lado que estiver.
Ladino ladro
Pro lado de cá.
E alado chego
No seu lado de lá.
Lá do lado do seu lado
Agora tem meu lado
Alado, ladino,
Ladrando ladainhas
Pra do seu lado ficar.
Desabafo n°1 - Allyson Alves
Não sou escritor.
Apenas conheço algumas palavras.
Penso que algumas ficam bem unidas.
Algumas fazem sentido reunidas.
Penso que não existe um sentido pra escrever,
Já que eu não sou escritor.
Também não sou poeta.
Nem sei o que me rotularia assim.
Como se reconhece um poeta?
Como se reconhece um escritor?
Eu, não sou.
Eu penso rascunhando garranchos.
Rabisco com garranchos rascunhos de pensamentos.
E só.
Escritor é quem escreve?
Ou escritor é quem sabe escrever?
Poeta é quem escreve poesia?
Ou poeta é quem percebe a poesia?
Não sou poeta.
Não sou escritor.
Eu, não sou.
Sou um oportunista.
E só.
Apenas conheço algumas palavras.
Penso que algumas ficam bem unidas.
Algumas fazem sentido reunidas.
Penso que não existe um sentido pra escrever,
Já que eu não sou escritor.
Também não sou poeta.
Nem sei o que me rotularia assim.
Como se reconhece um poeta?
Como se reconhece um escritor?
Eu, não sou.
Eu penso rascunhando garranchos.
Rabisco com garranchos rascunhos de pensamentos.
E só.
Escritor é quem escreve?
Ou escritor é quem sabe escrever?
Poeta é quem escreve poesia?
Ou poeta é quem percebe a poesia?
Não sou poeta.
Não sou escritor.
Eu, não sou.
Sou um oportunista.
E só.
Agasalhe-se - Allyson Alves
Agasalhe-se.
O frio está chegando...
Não, não está chegando,
Ele está lá...
Eu é que vou ao encontro dele...
E na hora que ele tocar
Vai deixar a pele rubra.
É o frio que vem colorar.
Coloridos são os cachecóis,
Gorros, casacos, blusas e luvas.
O frio é colorado?
Deixa a boca roxa, e rachada.
Ressecada, como a palha.
Palha de acender fogueira.
Palha de milho, que se come no frio.
Estou indo para o frio
Pra serra, onde o frio me deixa
Cerrando os dentes
Para o queixo não bater.
Curioso frio do meio do ano.
No meio do povo se disfarça.
De noite, congela a água dentro do cano.
E se torna artístico o ato de tomar um banho.
Agasalhe-se para não tremer.
Frio que faz palavras virarem fumaça.
Curiosa fumaça, nesse frio agasalhado.
Na serra, de dentes cerrados,
De rubro rosto corado
De luvas nas mãos, que acendem a palha,
E fazem a fogueira.
Em torno da chama, mais se chegam,
Mais se chamam, e vão se chegando.
Se agasalhando com o fogo, vão conversando.
De olho no colorido do fogo,
Palavras vão se trocando, e se esfumaçando.
Por fim, o fogo se cansa. Vai embrasando.
O povo se cansa. Vai cochilando.
E o frio se chega, como se desagasalhando.
Vai nos rubrando, nos tremendo,
Quase nos empalhando.
Todos vão se levantando, tomando seu rumo,
Seu vinho, seu chocolate quente.
Tomando suas cobertas.
Tentando afasta-lo.
Mas o frio é inocente.
Se existe culpado, sou eu, que fui encontrá-lo.
O frio está chegando...
Não, não está chegando,
Ele está lá...
Eu é que vou ao encontro dele...
E na hora que ele tocar
Vai deixar a pele rubra.
É o frio que vem colorar.
Coloridos são os cachecóis,
Gorros, casacos, blusas e luvas.
O frio é colorado?
Deixa a boca roxa, e rachada.
Ressecada, como a palha.
Palha de acender fogueira.
Palha de milho, que se come no frio.
Estou indo para o frio
Pra serra, onde o frio me deixa
Cerrando os dentes
Para o queixo não bater.
Curioso frio do meio do ano.
No meio do povo se disfarça.
De noite, congela a água dentro do cano.
E se torna artístico o ato de tomar um banho.
Agasalhe-se para não tremer.
Frio que faz palavras virarem fumaça.
Curiosa fumaça, nesse frio agasalhado.
Na serra, de dentes cerrados,
De rubro rosto corado
De luvas nas mãos, que acendem a palha,
E fazem a fogueira.
Em torno da chama, mais se chegam,
Mais se chamam, e vão se chegando.
Se agasalhando com o fogo, vão conversando.
De olho no colorido do fogo,
Palavras vão se trocando, e se esfumaçando.
Por fim, o fogo se cansa. Vai embrasando.
O povo se cansa. Vai cochilando.
E o frio se chega, como se desagasalhando.
Vai nos rubrando, nos tremendo,
Quase nos empalhando.
Todos vão se levantando, tomando seu rumo,
Seu vinho, seu chocolate quente.
Tomando suas cobertas.
Tentando afasta-lo.
Mas o frio é inocente.
Se existe culpado, sou eu, que fui encontrá-lo.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Estrada de chão - Allyson Alves
Pois pra mim vai ser
Aquela estrada sempre de chão.
Vai ser sempre sossegado.
Vou ser sempre criança.
Vai ter sempre futebol no fim da tarde.
Sempre vão me convidar pra entrar.
Sempre vão ter o que me perguntar.
Pois pra mim sempre vai ser
Meu lugar de salvação.
Sempre vão me encarar nos lugares.
Sempre vão cumprimentar,
Me conhecendo ou não.
Sempre vão querer ajudar.
E vão rir do meu falar.
Sempre vão me abrigar,
Se por acaso me pegar distraído,
Uma chuva de verão.
E sempre vão me conversar
Pra saber coisas de cá.
Eu converso porque é bom.
Pois pra mim só interessam as coisas de lá.
Pra mim sempre terão vacas,
Soltas na estrada, depois da curva.
Sempre terá porteira.
Sempre terá oração na capela,
Só não me lembro o dia-feira.
Sempre terá algo a me intrigar.
Um mato pra eu adentrar,
Uma trilha nova pra caminhar,
Um bicho novo pra conhecer,
Ou só parar e observar.
Pra mim sempre será “o lugar”.
Sempre serei feliz, do lado de lá.
Depois do alto da serra.
Onde sempre será frio.
Onde só se dorme de coberta.
Pois pra mim, a porteira vai estar
Sempre aberta.
Me chamando de menino.
Do jeito que eu era
Quando resolvi me “amineirar”.
Aquela estrada sempre de chão.
Vai ser sempre sossegado.
Vou ser sempre criança.
Vai ter sempre futebol no fim da tarde.
Sempre vão me convidar pra entrar.
Sempre vão ter o que me perguntar.
Pois pra mim sempre vai ser
Meu lugar de salvação.
Sempre vão me encarar nos lugares.
Sempre vão cumprimentar,
Me conhecendo ou não.
Sempre vão querer ajudar.
E vão rir do meu falar.
Sempre vão me abrigar,
Se por acaso me pegar distraído,
Uma chuva de verão.
E sempre vão me conversar
Pra saber coisas de cá.
Eu converso porque é bom.
Pois pra mim só interessam as coisas de lá.
Pra mim sempre terão vacas,
Soltas na estrada, depois da curva.
Sempre terá porteira.
Sempre terá oração na capela,
Só não me lembro o dia-feira.
Sempre terá algo a me intrigar.
Um mato pra eu adentrar,
Uma trilha nova pra caminhar,
Um bicho novo pra conhecer,
Ou só parar e observar.
Pra mim sempre será “o lugar”.
Sempre serei feliz, do lado de lá.
Depois do alto da serra.
Onde sempre será frio.
Onde só se dorme de coberta.
Pois pra mim, a porteira vai estar
Sempre aberta.
Me chamando de menino.
Do jeito que eu era
Quando resolvi me “amineirar”.
sábado, 8 de maio de 2010
Casa de forro - Allyson Alves
Casa de forro.
Cama de cobertor.
Rede na varanda.
Cachorro companheiro.
Estrada pra ver.
Passarinho pra alegrar.
Vizinho pra conversar.
O sol que se pára pra olhar.
Verde, por todos os lados.
Vacas, mulas, cavalos, porco,
Galinha, inseto, canto de sapos.
Frio de bater o queixo.
Sol de queimar a pele.
Água de mina.
Cheiro de mato.
De leite fervido,
E café passado.
Bochechas rosadas.
Sotaque de lá.
Molecada solta.
Liberdade que se estranha.
Paz que te invade.
Pôr do sol.
Algumas luzes se acendem.
Barulho do vento.
Cantoria de bêbados.
E fecha-se o bar.
Silencio que quase há
Mas o grilo não deixa.
De longe se ouve o rio
Chamando pra dentro.
Pra casa de forro.
Pro sono que vem.
Descansar pro amanhã.
Cama de cobertor.
Rede na varanda.
Cachorro companheiro.
Estrada pra ver.
Passarinho pra alegrar.
Vizinho pra conversar.
O sol que se pára pra olhar.
Verde, por todos os lados.
Vacas, mulas, cavalos, porco,
Galinha, inseto, canto de sapos.
Frio de bater o queixo.
Sol de queimar a pele.
Água de mina.
Cheiro de mato.
De leite fervido,
E café passado.
Bochechas rosadas.
Sotaque de lá.
Molecada solta.
Liberdade que se estranha.
Paz que te invade.
Pôr do sol.
Algumas luzes se acendem.
Barulho do vento.
Cantoria de bêbados.
E fecha-se o bar.
Silencio que quase há
Mas o grilo não deixa.
De longe se ouve o rio
Chamando pra dentro.
Pra casa de forro.
Pro sono que vem.
Descansar pro amanhã.
Chapéu, botas e viola - Allyson Alves
Cigarra e beija-flor,
Que aonde eu vou, cantam comigo,
Cantam alto ou baixinho.
Em uníssono, no meu tom.
No meu ritmo.
Canto eu na espera da viola.
Canto eu: aspirante a violeiro,
Sem chapéu, sem botas,
Sem morena, sem rio,
Sem serra, sem sossego.
Teimoso aprendiz de violeiro.
Na vida ao avesso: sem campo,
Sem colo, sem verde verdadeiro.
Buscando a melodia aonde não tenho
Nada daquilo que almejo.
Sei lá onde vai dar esse trem.
Trem danado de lento!
Que nunca chega onde eu quero.
E olha que não sei onde quero chegar.
Acho que nascerá a canção
Sob um pé de amora.
Da cor do amor, com cheiro doce
Que todo mundo gosta.
Vou escrever na toada:
“Quem me ama, me amora”
Trem danado de bonito!
Vou tentar... com minha viola.
Mas longe da minha terra
Tudo é cinza e sem graça.
Até o canto da cigarra.
Só o beija-flor, de madrugada
Traz notícias lá da serra.
Uma hora vou, sem nem pensar.
Até onde os pés agüentarem pisar.
Chapéu e botas pra combinar.
Viver de viola, a cantar pra ela:
“quem me ama, me amora,
Vem morena, me amorar”.
Que aonde eu vou, cantam comigo,
Cantam alto ou baixinho.
Em uníssono, no meu tom.
No meu ritmo.
Canto eu na espera da viola.
Canto eu: aspirante a violeiro,
Sem chapéu, sem botas,
Sem morena, sem rio,
Sem serra, sem sossego.
Teimoso aprendiz de violeiro.
Na vida ao avesso: sem campo,
Sem colo, sem verde verdadeiro.
Buscando a melodia aonde não tenho
Nada daquilo que almejo.
Sei lá onde vai dar esse trem.
Trem danado de lento!
Que nunca chega onde eu quero.
E olha que não sei onde quero chegar.
Acho que nascerá a canção
Sob um pé de amora.
Da cor do amor, com cheiro doce
Que todo mundo gosta.
Vou escrever na toada:
“Quem me ama, me amora”
Trem danado de bonito!
Vou tentar... com minha viola.
Mas longe da minha terra
Tudo é cinza e sem graça.
Até o canto da cigarra.
Só o beija-flor, de madrugada
Traz notícias lá da serra.
Uma hora vou, sem nem pensar.
Até onde os pés agüentarem pisar.
Chapéu e botas pra combinar.
Viver de viola, a cantar pra ela:
“quem me ama, me amora,
Vem morena, me amorar”.
Alguns - Allyson Alves
Amor de fé
Amor divino
Amor de gente
Amor de cheiro
Amor de olhar
Amor de gosto
Amor de sangue
Amor de afeto
Amor de carne
Amor de risco
Amor de paz
Amor de guerra
Amor de música
Amor de livro
Amor de arte
Amor secreto
Amor declarado
Amor de mentira
Amor enganado
Amor maltratado
Amor descarado
Amor descoberto
Amor envergonhado
Amor impossível
Amor desligado
Amor forte
Amor fraco
Amor calado
Amor falado
Amor tateado
Amor tatuado
Amor depravado
Amor romantizado
Amor inventado
Amor achado
Amor dorminhoco
Amor acordado
Amor cansado
Amor guerreiro
Amor poetizado
Amor concreto
Amor abstrato
Amor de colégio
Amor desastrado
Amor engraçado
Amor cantado
Amor aventureiro
Amor aventurado
Amor bem amado
Amor divino
Amor de gente
Amor de cheiro
Amor de olhar
Amor de gosto
Amor de sangue
Amor de afeto
Amor de carne
Amor de risco
Amor de paz
Amor de guerra
Amor de música
Amor de livro
Amor de arte
Amor secreto
Amor declarado
Amor de mentira
Amor enganado
Amor maltratado
Amor descarado
Amor descoberto
Amor envergonhado
Amor impossível
Amor desligado
Amor forte
Amor fraco
Amor calado
Amor falado
Amor tateado
Amor tatuado
Amor depravado
Amor romantizado
Amor inventado
Amor achado
Amor dorminhoco
Amor acordado
Amor cansado
Amor guerreiro
Amor poetizado
Amor concreto
Amor abstrato
Amor de colégio
Amor desastrado
Amor engraçado
Amor cantado
Amor aventureiro
Amor aventurado
Amor bem amado
Pensando nela - Allyson Alves
Eu fico aqui pensando nela.
Pensando no que fazer com ela
E no que ela faria comigo
Se eu não o fizesse.
Eu fico aqui, pensando nela também,
E se devo fazer com ela.
Se deixo só ela fazer comigo.
Ou se façamos os dois, em sintonia.
Eu fico aqui o dia todo pensando nela,
E são tantas “elas”, e tantas delas.
E tantas coisas pra pensar sobre ela,
E tantas outras de todas elas.
Eu também penso com ela.
Como seria sem ela pra pensar.
E sem elas pra me fazerem pensar,
E n’algum momento me fazer agir.
Penso em agir sobre elas
Pra ver a reação em mim.
E a reação que virá pra mim.
Virá daquilo que eu penso.
Ela que vem na minha direção.
Penso eu que sim, é ela.
E todas juntas, pra me fazer agir
Em uma de cada vez.
Eu penso nela, e fico a pensar,
Nas que pensam, e as que não.
Nas que só eu posso agir,
E nas que agirão comigo!
Pensando no que fazer com ela
E no que ela faria comigo
Se eu não o fizesse.
Eu fico aqui, pensando nela também,
E se devo fazer com ela.
Se deixo só ela fazer comigo.
Ou se façamos os dois, em sintonia.
Eu fico aqui o dia todo pensando nela,
E são tantas “elas”, e tantas delas.
E tantas coisas pra pensar sobre ela,
E tantas outras de todas elas.
Eu também penso com ela.
Como seria sem ela pra pensar.
E sem elas pra me fazerem pensar,
E n’algum momento me fazer agir.
Penso em agir sobre elas
Pra ver a reação em mim.
E a reação que virá pra mim.
Virá daquilo que eu penso.
Ela que vem na minha direção.
Penso eu que sim, é ela.
E todas juntas, pra me fazer agir
Em uma de cada vez.
Eu penso nela, e fico a pensar,
Nas que pensam, e as que não.
Nas que só eu posso agir,
E nas que agirão comigo!
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Mantica - Allyson Alves
Os silvestres:
Sussuarana, lobo guará, tatu canastra,
Jaguatirica, jacarambeba, ouriço,
Gambá de orelha preta, tizil, pardal
Sabiá da praia, sabiá de peito laranja,
Anu preto, e branco, trinca-ferro,
Tilápia, carpa, truta, tambaqui,
Sagüi, serelepe, macaco bugio,
Gavião carcará, bicho-pau, calango,
Aranha caranguejeira e armadeira,
Cobra coral, cascavel, urutu, jararaca,
Cobra d’água, quebra-quebra, paca,
Onça pintada, cachorro do mato, lebre,
Coelho do mato, canário da terra, saíra,
Martim pescador, peixe barrigudinho,
Mandaçaia, marimbondo cavalo, mirim,
Arapuá, mutuca, cigarra, sapo, perereca,
Bezouro, rã, juriti, jacu, siriema, formiga,
Maritaca, grilo, gafanhoto, tico-tico,
Rolinha, sanhaço, socó, garça, saracura,
Lontra, preá, beija-flor, galo do campo,
Capivara, morcego, andorinha, abelha.
O habitat:
Os rios, as montanhas da serra, a terra,
O frio sempre presente, o sol forte,
O céu azul, a chuva densa de verão,
O tempo lento, a altitude, a umidade,
A seca, a liberdade.
O Mato:
Araucárias, samambaiaçu, cedros, candeia,
Jacarandá, guatambu, pau de vinho, bambu,
Capim braquiária, capim-gordura, eucalipto.
Os Domésticos:
Cláudio Roberto (Beto);
João Maurício (Maurício);
Paquita;
Moleca;
Pretinha.
(E minhas lembranças aos que se foram por morte ou mudança: Chalana, Pancho, Barão, Buxexão, Carência, Biscoita (papa-léguas), Bandeira, Bob e Tutu).
Sussuarana, lobo guará, tatu canastra,
Jaguatirica, jacarambeba, ouriço,
Gambá de orelha preta, tizil, pardal
Sabiá da praia, sabiá de peito laranja,
Anu preto, e branco, trinca-ferro,
Tilápia, carpa, truta, tambaqui,
Sagüi, serelepe, macaco bugio,
Gavião carcará, bicho-pau, calango,
Aranha caranguejeira e armadeira,
Cobra coral, cascavel, urutu, jararaca,
Cobra d’água, quebra-quebra, paca,
Onça pintada, cachorro do mato, lebre,
Coelho do mato, canário da terra, saíra,
Martim pescador, peixe barrigudinho,
Mandaçaia, marimbondo cavalo, mirim,
Arapuá, mutuca, cigarra, sapo, perereca,
Bezouro, rã, juriti, jacu, siriema, formiga,
Maritaca, grilo, gafanhoto, tico-tico,
Rolinha, sanhaço, socó, garça, saracura,
Lontra, preá, beija-flor, galo do campo,
Capivara, morcego, andorinha, abelha.
O habitat:
Os rios, as montanhas da serra, a terra,
O frio sempre presente, o sol forte,
O céu azul, a chuva densa de verão,
O tempo lento, a altitude, a umidade,
A seca, a liberdade.
O Mato:
Araucárias, samambaiaçu, cedros, candeia,
Jacarandá, guatambu, pau de vinho, bambu,
Capim braquiária, capim-gordura, eucalipto.
Os Domésticos:
Cláudio Roberto (Beto);
João Maurício (Maurício);
Paquita;
Moleca;
Pretinha.
(E minhas lembranças aos que se foram por morte ou mudança: Chalana, Pancho, Barão, Buxexão, Carência, Biscoita (papa-léguas), Bandeira, Bob e Tutu).
terça-feira, 4 de maio de 2010
O Escritor - Allyson Alves
A minha fé continua intacta.
Mesmo que por minha causa,
E apenas minha culpa,
Ela esteja manchada.
A minha unha está quebrada,
Minha cara enrugada,
Minha vista opaca,
Minha voz cansada.
Levo entre os dentes
Uma faca amolada.
E motivos para usá-la.
Eu já perdi o fio da meada,
Já dormi no meio fio,
E senti o frio da madrugada.
Sozinho, na calçada.
Já delirei por elas.
Já me iludi por elas.
Já me danei por elas.
Eu sou bobo por ainda existir
E ser forte quando ninguém acredita.
Pra isso me inventaram.
Pra fazê-los felizes.
Tantos amantes, amados e calados,
Correspondidos ou não, safados, sinceros,
Cinematográficos e românticos, carnais,
Ou somente apaixonados.
Que me carregam no peito,
Mesmo que me neguem, mesmo assim.
Eu me faço brotar, mesmo que quase matado.
Me faço enramar, mesmo que podado.
E existo mesmo se arrancado.
Sempre me falta um pedaço
Que todos se enganam em procurar.
E sempre se pensa achar;
E sempre acham errado.
Sou infinito, mesmo que não dure.
Sou invisível e completo-me.
Não me procure a outra parte,
Se deixe encontrar, apenas;
E quando assim for, reconheça.
Eu sou doce, palpitante, acolhedor.
Eu sou tão mal falado, sempre culpado.
Sou tão usado, e abusado. Sim, sou abusado!
Inclassificável no certo ou errado.
Estou além disso.
Dou prazer, e também dor.
Tenho também meu preço,
Mas não podem me comprar.
Podem até fingir me ter,
Mas não podem me fazer fingir...
Nem me obrigar a nada,
Nem me matar, nunca poderão!
Sou essência, hospedeiro.
Morando de favor nos corações,
Sem pedir licença nem opiniões.
Eu sei que sou confuso,
E daí, me inventam falsas verdades.
Eu sou necessário, mesmo que me desprezem.
Eu sou real, mesmo que não acreditem.
Sou como quiserem, de qualquer cor,
Tenho variações no sabor,
Me dizem: irmão bom do ódio,
Mas não guardo rancor.
Sou beijo, abraço, canção e flor.
Sou luz, amasso, afeto, calor.
Sou filho, filha, pai e mãe, avó e avô,
Amigo, chama sem pavio.
Dos sentimentos humanos
Sou o grande senhor, síndico,
Presidente, senhorio, governador.
Sou espinho, sou sadio, infinito.
Eterno moderador.
Existo no peito do ferido
E de quem o fere.
Sou de doma impossível;
Atrevido, alma de moleque!
A quem nunca cabe a conjugação “passou”.
Simplório só de nome...
Assinando romances como um grande escritor...
Ao pé da página, rubrico: Amor.
Mesmo que por minha causa,
E apenas minha culpa,
Ela esteja manchada.
A minha unha está quebrada,
Minha cara enrugada,
Minha vista opaca,
Minha voz cansada.
Levo entre os dentes
Uma faca amolada.
E motivos para usá-la.
Eu já perdi o fio da meada,
Já dormi no meio fio,
E senti o frio da madrugada.
Sozinho, na calçada.
Já delirei por elas.
Já me iludi por elas.
Já me danei por elas.
Eu sou bobo por ainda existir
E ser forte quando ninguém acredita.
Pra isso me inventaram.
Pra fazê-los felizes.
Tantos amantes, amados e calados,
Correspondidos ou não, safados, sinceros,
Cinematográficos e românticos, carnais,
Ou somente apaixonados.
Que me carregam no peito,
Mesmo que me neguem, mesmo assim.
Eu me faço brotar, mesmo que quase matado.
Me faço enramar, mesmo que podado.
E existo mesmo se arrancado.
Sempre me falta um pedaço
Que todos se enganam em procurar.
E sempre se pensa achar;
E sempre acham errado.
Sou infinito, mesmo que não dure.
Sou invisível e completo-me.
Não me procure a outra parte,
Se deixe encontrar, apenas;
E quando assim for, reconheça.
Eu sou doce, palpitante, acolhedor.
Eu sou tão mal falado, sempre culpado.
Sou tão usado, e abusado. Sim, sou abusado!
Inclassificável no certo ou errado.
Estou além disso.
Dou prazer, e também dor.
Tenho também meu preço,
Mas não podem me comprar.
Podem até fingir me ter,
Mas não podem me fazer fingir...
Nem me obrigar a nada,
Nem me matar, nunca poderão!
Sou essência, hospedeiro.
Morando de favor nos corações,
Sem pedir licença nem opiniões.
Eu sei que sou confuso,
E daí, me inventam falsas verdades.
Eu sou necessário, mesmo que me desprezem.
Eu sou real, mesmo que não acreditem.
Sou como quiserem, de qualquer cor,
Tenho variações no sabor,
Me dizem: irmão bom do ódio,
Mas não guardo rancor.
Sou beijo, abraço, canção e flor.
Sou luz, amasso, afeto, calor.
Sou filho, filha, pai e mãe, avó e avô,
Amigo, chama sem pavio.
Dos sentimentos humanos
Sou o grande senhor, síndico,
Presidente, senhorio, governador.
Sou espinho, sou sadio, infinito.
Eterno moderador.
Existo no peito do ferido
E de quem o fere.
Sou de doma impossível;
Atrevido, alma de moleque!
A quem nunca cabe a conjugação “passou”.
Simplório só de nome...
Assinando romances como um grande escritor...
Ao pé da página, rubrico: Amor.
Do mirante que eu tenho - Allyson Alves
Por que não falar de amor?
Por que não falar da água?
Das flores que me aparecem?
Por que nessa longa estrada
Às vezes passo, às vezes paro,
Às vezes sou só passado?
Por que não falar que amou?
Por que não dar gargalhada
Por que se amou sem sentido?
Das flores que me aparecem
Não sei se rego, não sei se podo,
Não sei se crescem.
Por que não falar de tudo
Que pensamos em sigilo?
Por que dizem “não se deve”?
Por que não falar de nós?
Por que não falar do dia, do céu,
Da vida, da maravilha da sua vinda?
Por que caem tantas pétalas
Do amor que tenho guardado?
Por que a água não me leva?
Me lava mas deixa sempre
Um pouco de dor, um pouco de paz,
Um tempo de espera.
Por que não falar dos sonhos?
Das noites que durmo tarde?
Das horas que perdi dormindo?
Por que lá da catedral eu ouço sinos?
E eles, santos, sólidos, perturbam o sono
E sei que nunca estão me ouvindo.
Por que tanta gente amarga?
Por que não falar às claras?
Por que sempre dói os tímpanos?
Ouvir que a vida é grávida de mil verdades,
E novidades duras, boas, fracas, sólidas,
Como som de sinos.
Por que dá saudade, de dizer, de ouvir?
Por que dá saudade, de rever, de sentir?
Por que a saudade, tira o sono, me faz isso?
Por que dá saudade de alguém que eu não tenho?
Por que da saudade de quem desconheço?
Por que há saudade? Por que há saudade? Por que há saudade?
Por que não falar da água?
Das flores que me aparecem?
Por que nessa longa estrada
Às vezes passo, às vezes paro,
Às vezes sou só passado?
Por que não falar que amou?
Por que não dar gargalhada
Por que se amou sem sentido?
Das flores que me aparecem
Não sei se rego, não sei se podo,
Não sei se crescem.
Por que não falar de tudo
Que pensamos em sigilo?
Por que dizem “não se deve”?
Por que não falar de nós?
Por que não falar do dia, do céu,
Da vida, da maravilha da sua vinda?
Por que caem tantas pétalas
Do amor que tenho guardado?
Por que a água não me leva?
Me lava mas deixa sempre
Um pouco de dor, um pouco de paz,
Um tempo de espera.
Por que não falar dos sonhos?
Das noites que durmo tarde?
Das horas que perdi dormindo?
Por que lá da catedral eu ouço sinos?
E eles, santos, sólidos, perturbam o sono
E sei que nunca estão me ouvindo.
Por que tanta gente amarga?
Por que não falar às claras?
Por que sempre dói os tímpanos?
Ouvir que a vida é grávida de mil verdades,
E novidades duras, boas, fracas, sólidas,
Como som de sinos.
Por que dá saudade, de dizer, de ouvir?
Por que dá saudade, de rever, de sentir?
Por que a saudade, tira o sono, me faz isso?
Por que dá saudade de alguém que eu não tenho?
Por que da saudade de quem desconheço?
Por que há saudade? Por que há saudade? Por que há saudade?
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Companhia - Allyson Alves
A voz que canta palavras
Valeu-me pela madrugada
Mas a noite terminou fria.
Sozinho no rumo de casa
Aonde olhava ela não estava
E eu ainda me despedia.
Os olhos que me encaravam
Desviam os meus, sem graça
É a vergonha que me aparece
Tão perto, não te tocava
Havia um muro, uma longa estrada
Ela é uma armadilha.
Por vezes eu ri, do nada
Por vezes poupei palavras
Ou coisas que envaidecem
Amigos, na madrugada, se acham,
Falam, ouvem, vivem e se perdem
Nem sempre se percebem
A noite ficou mais clara
O dia pesou na cara
Com traços que me envelhecem
E penso que minhas cartas nunca chegam
Nunca dizem nada, nunca valem
São respostas pra quem as escreve.
No fim todos se separam
Retornam às suas casas
Sentem vazio e alívio
A voz que me cantou palavras
Ficou guardada na memória
Na história da melhor companhia.
Valeu-me pela madrugada
Mas a noite terminou fria.
Sozinho no rumo de casa
Aonde olhava ela não estava
E eu ainda me despedia.
Os olhos que me encaravam
Desviam os meus, sem graça
É a vergonha que me aparece
Tão perto, não te tocava
Havia um muro, uma longa estrada
Ela é uma armadilha.
Por vezes eu ri, do nada
Por vezes poupei palavras
Ou coisas que envaidecem
Amigos, na madrugada, se acham,
Falam, ouvem, vivem e se perdem
Nem sempre se percebem
A noite ficou mais clara
O dia pesou na cara
Com traços que me envelhecem
E penso que minhas cartas nunca chegam
Nunca dizem nada, nunca valem
São respostas pra quem as escreve.
No fim todos se separam
Retornam às suas casas
Sentem vazio e alívio
A voz que me cantou palavras
Ficou guardada na memória
Na história da melhor companhia.
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