Por que não falar de amor?
Por que não falar da água?
Das flores que me aparecem?
Por que nessa longa estrada
Às vezes passo, às vezes paro,
Às vezes sou só passado?
Por que não falar que amou?
Por que não dar gargalhada
Por que se amou sem sentido?
Das flores que me aparecem
Não sei se rego, não sei se podo,
Não sei se crescem.
Por que não falar de tudo
Que pensamos em sigilo?
Por que dizem “não se deve”?
Por que não falar de nós?
Por que não falar do dia, do céu,
Da vida, da maravilha da sua vinda?
Por que caem tantas pétalas
Do amor que tenho guardado?
Por que a água não me leva?
Me lava mas deixa sempre
Um pouco de dor, um pouco de paz,
Um tempo de espera.
Por que não falar dos sonhos?
Das noites que durmo tarde?
Das horas que perdi dormindo?
Por que lá da catedral eu ouço sinos?
E eles, santos, sólidos, perturbam o sono
E sei que nunca estão me ouvindo.
Por que tanta gente amarga?
Por que não falar às claras?
Por que sempre dói os tímpanos?
Ouvir que a vida é grávida de mil verdades,
E novidades duras, boas, fracas, sólidas,
Como som de sinos.
Por que dá saudade, de dizer, de ouvir?
Por que dá saudade, de rever, de sentir?
Por que a saudade, tira o sono, me faz isso?
Por que dá saudade de alguém que eu não tenho?
Por que da saudade de quem desconheço?
Por que há saudade? Por que há saudade? Por que há saudade?
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