quarta-feira, 12 de maio de 2010

Estrada de chão - Allyson Alves

Pois pra mim vai ser
Aquela estrada sempre de chão.
Vai ser sempre sossegado.
Vou ser sempre criança.
Vai ter sempre futebol no fim da tarde.
Sempre vão me convidar pra entrar.
Sempre vão ter o que me perguntar.
Pois pra mim sempre vai ser
Meu lugar de salvação.
Sempre vão me encarar nos lugares.
Sempre vão cumprimentar,
Me conhecendo ou não.
Sempre vão querer ajudar.
E vão rir do meu falar.
Sempre vão me abrigar,
Se por acaso me pegar distraído,
Uma chuva de verão.
E sempre vão me conversar
Pra saber coisas de cá.
Eu converso porque é bom.
Pois pra mim só interessam as coisas de lá.
Pra mim sempre terão vacas,
Soltas na estrada, depois da curva.
Sempre terá porteira.
Sempre terá oração na capela,
Só não me lembro o dia-feira.
Sempre terá algo a me intrigar.
Um mato pra eu adentrar,
Uma trilha nova pra caminhar,
Um bicho novo pra conhecer,
Ou só parar e observar.
Pra mim sempre será “o lugar”.
Sempre serei feliz, do lado de lá.
Depois do alto da serra.
Onde sempre será frio.
Onde só se dorme de coberta.
Pois pra mim, a porteira vai estar
Sempre aberta.
Me chamando de menino.
Do jeito que eu era
Quando resolvi me “amineirar”.

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